Há fatos que, por mais que a gente tente compreender, parecem desafiar a lógica. E foi exatamente isso que aconteceu nesta semana no pequeno povoado de Cachoeira do Pinto, na zona rural de Bom Conselho. Uma comunidade simples, onde o tempo corre devagar, onde o progresso chega sempre atrasado e onde a comunicação, seja por telefone ou internet, ainda é um desafio diário, viu-se no centro de uma mobilização que deixou muita gente intrigada.
Um grupo de moradores, alguns claramente identificáveis como militantes políticos, realizou um manifesto na praça central do povoado. O motivo? A insatisfação com a instalação de uma antena de internet por parte de uma empresa privada. Em pleno século XXI, numa localidade esquecida pelo relógio da modernidade, a rejeição a um equipamento que simboliza progresso, conectividade e novas oportunidades chama, no mínimo, atenção.
Os manifestantes argumentam que a empresa pretende instalar a antena na única praça do povoado, espaço de convivência onde crianças brincam, idosos conversam e a comunidade se reúne para o pouco lazer que possui. Dizem que o local não é adequado, que ameaça a tranquilidade do ambiente e que traria desconforto para os moradores. São ponderações que, à primeira vista, merecem ser ouvidas — afinal, todo equipamento precisa respeitar a vida comunitária.
Mas fica no ar uma interrogação incômoda: será realmente esse o motivo central da discordância? Ou existe por trás do movimento algum viés político, uma resistência fabricada, motivada mais por disputas eleitorais do que por preocupações legítimas? É difícil ignorar essa hipótese quando se trata de uma comunidade tão carente, que sofre com a ausência de comunicação e teria, na nova antena, um avanço significativo para seu cotidiano.
A controvérsia repercutiu nas redes sociais e movimentou debates durante toda a semana. Em Bom Conselho e região, muitos se perguntam como uma população que carece de serviços básicos pode contestar um equipamento que abriria portas para educação, trabalho, informação e inclusão digital.
Agora, o que se espera é o desfecho. Como é natural num processo democrático, o governo municipal deve se reunir com representantes da empresa e ouvir a comunidade — todos os lados. A busca por um consenso é o caminho mais sensato. Afinal, desenvolvimento não pode ser imposto, mas também não deve ser barrado por narrativas mal explicadas.
O episódio deixa uma lição importante: muito barulho por pouca coisa geralmente esconde alguma motivação. Torcemos para que, neste caso, não seja apenas a velha politicagem tentando travar o que poderia ser um passo simples e necessário para o futuro da Cachoeira do Pinto.

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