quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A perigosa onda das páginas fakes em Bom Conselho.

Vivemos tempos em que a mentira ganhou palco, luz e aplausos. O que antes era dito baixinho na calçada, entre risadinhas e cochichos de esquina, agora ecoa com força nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde proliferam páginas fakes, sem rosto, sem nome e sem compromisso com a verdade. Em Bom Conselho, esse fenômeno tem tomado proporções alarmantes. São perfis que se escondem atrás de logotipos improvisados e discursos inflamados, vomitando desinformação e semeando discórdia — tudo em nome da “opinião pública”, que, na verdade, nada mais é do que a manipulação do senso comum.

O mais grave é que essas páginas não surgem por acaso. São criadas com propósitos bem definidos: atacar, difamar, dividir e inflamar. Algumas delas até já têm seu DNA identificado — basta observar o estilo dos textos, o tipo de ironia usada, a escolha das palavras. O autor pode estar oculto no anonimato da internet, mas a pena, essa não mente. A escrita revela intenções, expõe vícios e, muitas vezes, escancara ressentimentos pessoais travestidos de “informação”.

Em tempos de efervescência política, essas páginas se tornam verdadeiras armas digitais. Jogam gasolina onde já há fogo, instigam o ódio e alimentam rivalidades que só atrasam o debate público. Pior: há quem acredite, compartilhe e até tome decisões com base nessas mentiras bem embaladas. O caso recente de um político local que se deixou levar por postagens dessas páginas — e acabou tomando uma decisão avaliada e confirmada por muitos como desastrosa — é o exemplo mais claro do perigo de se confundir fofoca com fato.

É preciso entender: o anonimato é o primeiro indício da falsidade. Quem tem razão e verdade não se esconde. A coragem da palavra está no nome assinado, na responsabilidade do que se escreve. Quando o autor se omite, o texto perde sua credibilidade e ganha o selo da malícia.

As redes sociais deveriam ser espaços de diálogo e informação, mas estão sendo transformadas em palanques do ódio e trincheiras da mentira. O cidadão bomconselhense precisa estar atento, saber filtrar, desconfiar do que lê e exigir autoria. O que não tem dono, não tem verdade.

A fofoca de calçada mudou de endereço — agora mora no feed. Mas, diferente do passado, onde uma boa prosa morria no banco da praça, hoje ela ganha likes, comentários e repercussão. E o pior: destrói reputações, confunde a opinião pública e atrapalha o desenvolvimento coletivo. É hora de separar o joio do trigo, a notícia do boato, o fato da fantasia.

Porque, no fim das contas, quem se alimenta de fake news está ajudando a matar a credibilidade — e sem credibilidade, nenhuma sociedade se sustenta.

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