Em tempos em que muito se fala sobre crise de valores e desinteresse dos jovens pela vida pública, eis que surge de Bom Conselho um gesto que vale por muitas aulas de cidadania. Estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Coronel José Abílio deram uma verdadeira lição de engajamento ao realizar uma maratona de leitura da Constituição Federal, em homenagem aos 37 anos da nossa Carta Magna.
Ana Beatryz e Natanael Cabral, ambos do primeiro ano do Ensino Médio, junto ao professor de língua portuguesa Luide Albuquerque, dedicaram-se a um desafio nada trivial: percorrer, em mais de dez horas ininterruptas, a leitura dos 250 artigos da chamada Constituição Cidadã. Um feito que vai muito além de uma simples atividade escolar — foi uma experiência de formação cívica e consciência crítica.
No revezamento da leitura, os jovens não apenas ecoaram as palavras de Ulysses Guimarães, que em 1988 proclamou a Constituição como marco da redemocratização do país, mas também reafirmaram a importância do texto como bússola da vida democrática. Ao resgatar cada artigo, cada princípio, cada direito e dever, a maratona mostrou que a escola pública ainda é capaz de produzir iniciativas que inspiram a sociedade a refletir sobre o papel da lei maior.
Não se trata apenas de um exercício acadêmico, mas de um ato simbólico em um Brasil que, tantas vezes, parece esquecer da força que a Constituição tem como instrumento de transformação social. Em um cenário onde muitos preferem memes e manchetes rasas ao invés de páginas densas, ver jovens dedicados a decifrar o alicerce jurídico do país é sinal de esperança.
O gesto da EREM Coronel José Abílio reforça que educação pública de qualidade não se limita ao ensino de conteúdos, mas prepara cidadãos conscientes, capazes de entender seus direitos e deveres. Que essa maratona inspire não apenas estudantes, mas também políticos e autoridades, muitos dos quais parecem precisar urgentemente reler a Constituição que juraram defender.

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