quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O Brasil já não é mais o mesmo — nem no futebol.

Parece que o bom e velho futebol brasileiro, aquele do drible desconcertante, da ginga natural e do respeito mundial, anda mesmo de chinelo. O último amistoso da Seleção, disputado nesta semana contra o Japão, serviu para carimbar o passaporte da vergonha: vencíamos por 2 a 0 e, em apenas 19 minutos, levamos a virada. Resultado? Derrota por 3 a 2 — a primeira da história para os japoneses. Pois é, meus caros, até o Japão, terra do sushi e da disciplina tática, já se permite o luxo de vencer o outrora temido Brasil do futebol-arte.

O placar é simbólico. Mostra que o Brasil já não mete medo em ninguém. Nem na Ásia, nem em lugar nenhum. Aquela camisa amarela, que um dia fazia os adversários tremerem só de olhar o escudo da CBF, hoje parece pesar mais do que impõe respeito. O torcedor assiste ao jogo com a sensação de que o próximo gol é sempre do outro time — e, invariavelmente, é mesmo.

Às vésperas da Copa do Mundo de 2026, a pergunta que fica é: temos, de fato, um time capaz de buscar o tão sonhado Hexa? Ou seguimos vivendo de passado, de lembranças de 2002, quando tínhamos Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho — craques de verdade, não influenciadores digitais disfarçados de jogadores?

Para quem quer testar a força do futebol nacional, não adianta ficar goleando seleções sem expressão, como aconteceu contra a Coréia do Sul, na semana passada: 5 a 0. O Brasil precisa enfrentar times de verdade — França, Alemanha, Argentina, Espanha, Inglaterra, Itália, Portugal — e mostrar se ainda tem fôlego, alma e futebol para competir de igual para igual. Porque vencer times fracos pode inflar o ego, mas não constrói seleção campeã.

Nem mesmo a esperada chegada de Carlo Ancelotti, o técnico europeu que viria para “colocar ordem na casa”, parece suficiente para reacender a chama do torcedor brasileiro. O problema, ao que parece, não está no banco, mas dentro de campo — e talvez até fora dele.

O Brasil, definitivamente, já não é mais o mesmo. E o futebol, que um dia foi nossa maior paixão e orgulho nacional, anda precisando de terapia — ou, quem sabe, de um bom banho de bola.

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