segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Deputados votados em Bom Conselho e a vergonha da PEC da Blindagem.

A Câmara dos Deputados, mais uma vez, foi palco de uma das maiores afrontas à inteligência do povo brasileiro: a aprovação da famigerada PEC da blindagem. Uma proposta indecente, um afronta ao cidadão comum, uma aberração travestida de lei que, na prática, visava proteger parlamentares de punições e investigações. E o que mais chama atenção é que, aqui na nossa Bom Conselho, o assunto virou pauta de bar, de feira, de igreja e até de esquina. Nos últimos dias não se fala em outra coisa: como é possível que deputados tão bem votados na Terra de Papacaça, gente que abocanhou milhares de votos, tenham dado o sim para uma matéria tão vergonhosa?

Lula da Fonte, por exemplo, o campeão de votos em Bom Conselho em 2022, que sozinho conquistou mais de 9 mil sufrágios, não titubeou em apoiar essa indecência. E não foi só ele. Os evangélicos André Ferreira, Clarissa Tércio, Pastor Eurico e Ossesio Silva também levantaram a mão a favor do projeto, assim como Pedro Campos, Eduardo da Fonte, Felipe Carreras, Fernando Rodolfo e Coronel Meira, que foram lembrados por aqui. Todos eles, em maior ou menor escala, construíram bases sólidas em nossa cidade, exploraram o capital político local e, no entanto, votaram contra a moralidade pública.

Mas há que se destacar também o outro lado da moeda. Deputados como Carlos Veras, Clodoaldo Magalhães, Maria Arraes, Renildo Calheiros e Túlio Gadêlha, que tiveram votos em Bom Conselho, disseram não à PEC da blindagem. Foram contra a imoralidade, contra a tentativa de transformar a Câmara em uma fortaleza de privilégios. Esses, ao menos, mantiveram um mínimo de coerência com o que se espera de representantes comprometidos com a ética.

O Senado, com todos os seus defeitos, engavetou a matéria e evitou que essa indecência fosse adiante. Mas a lição precisa ser aprendida pelo povo de Bom Conselho: ano que vem é ano de eleição. Esses mesmos parlamentares que votaram a favor dessa proposta ridícula estarão batendo de porta em porta, com sorriso largo, prometendo mundos e fundos. Terão coragem de olhar nos olhos do eleitor e explicar o porquê do voto favorável à blindagem? Vão justificar como puderam ser coniventes com um mecanismo que, em essência, lhes dava superpoderes para escapar de qualquer responsabilização?

O eleitor de Bom Conselho precisa refletir. Política não se resume ao “fulano ajudou com uma emenda”, ou “ciclano trouxe um trator para a comunidade”. A política é feita de escolhas, e cada voto dado em Brasília tem impacto direto na vida do cidadão comum. Quem apoia uma PEC que blinda políticos da Justiça está, na prática, rindo da cara do eleitor. Está dizendo que a lei não vale para todos.

Que esse episódio sirva de alerta. A PEC da blindagem pode até ter sido barrada, mas a intenção dos que a defenderam está registrada para sempre. Que o povo de Bom Conselho não esqueça, que reflita e que, no próximo ano, faça seu julgamento nas urnas. Afinal, como diz o velho ditado, quem vota mal paga a conta quatro anos depois.

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