O Santa Cruz está de volta à Série C do Campeonato Brasileiro. Pode parecer pouco para quem não acompanha de perto o futebol nordestino, mas, para o torcedor tricolor, este acesso significa muito mais que uma simples mudança de divisão: representa a retomada da dignidade de um clube que sempre foi sinônimo de tradição, paixão e resistência.
No último domingo (7), em Natal, diante do América, o empate em 1x1 foi suficiente para carimbar o passaporte coral rumo à terceira divisão. O placar foi apenas detalhe de um roteiro escrito desde a vitória por 1x0 na Arena Pernambuco, diante de mais de 40 mil torcedores que transformaram o estádio em um caldeirão humano. Aquela vitória foi o combustível da classificação, e o empate em solo potiguar apenas confirmou o que parecia inevitável: a volta do Santa a um lugar menos desconfortável no cenário nacional.
E aqui vale uma reflexão. Não há nada de glorioso em disputar a Série C. Para um clube como o Santa Cruz, dono de uma das maiores torcidas do Nordeste e com história de títulos estaduais, regionais e participações relevantes em competições nacionais, trata-se de um passo de recuperação, não de consagração. Mas, diante da realidade enfrentada nos últimos anos, a queda até o fundo do poço da Série D e os sofrimentos acumulados, o acesso precisa ser celebrado como símbolo de renascimento.
É a superação que se impõe. A campanha deste ano foi marcada por raça, pela força coletiva e, principalmente, pelo fator imponderável que só o Santa tem: a torcida. Nenhum outro clube da Série D consegue mobilizar multidões do jeito que o tricolor do Arruda mobiliza. Essa força é combustível, é diferencial competitivo e, sobretudo, é patrimônio cultural. O Santa não é apenas um clube; é expressão popular de um povo que não se dobra, que resiste às adversidades e que insiste em acreditar quando todos já desistiram.
Agora, a missão imediata é disputar as semifinais contra o Maranhão, em duelos de ida e volta, ainda sem datas definidas. Mais que a chance de conquistar o título da Série D, o que já seria histórico, o que está em jogo é consolidar essa retomada e planejar o próximo passo: a volta à Série B. O Santa não pode se contentar em ser mediano, em viver de lampejos ou de acessos esporádicos. Precisa se reencontrar com sua grandeza.
Portanto, parabéns ao time, ao técnico, à diretoria e, sobretudo, à torcida coral. O acesso não é ponto de chegada, mas de partida. É hora de pensar grande novamente, de aprender com os erros do passado e de não permitir que a história gloriosa do Santa Cruz seja mais uma vez sequestrada pela mediocridade administrativa. A Série C é apenas o começo.

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