quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Brasil na Copa de 2026: sorteio tranquilo, realidade incômoda.

Saiu o sorteio da Copa do Mundo de 2026. No último fim de semana, a FIFA definiu os grupos, e o Brasil, cabeça de chave, caiu ao lado de Marrocos, Escócia e Haiti. À primeira vista, um cenário sem grandes turbulências. Nada que cause calafrios no torcedor mais pessimista. A lógica manda dizer que a Seleção deve avançar sem sustos, caminhando com naturalidade até as oitavas de final.

Mas, convenhamos, o problema do Brasil nunca foi a fase de grupos. Ali, historicamente, o roteiro costuma funcionar: vitórias razoáveis, algum brilho individual e classificação assegurada. A questão — e aqui o torcedor brasileiro já aprendeu a lição nos últimos dois Mundiais — é o que acontece quando a Copa realmente começa. Quando surgem pela frente as seleções médias bem organizadas, ou as gigantes que impõem respeito com camisa e futebol. Aí o Brasil patina, tropeça e cai. Foi assim nas quartas de final em 2018, foi assim em 2022.

O fato é que a Seleção já não impõe medo a ninguém. A aura mítica que um dia fez adversários tremerem se dissipou. Hoje, o Brasil entra em campo como uma equipe de bons nomes, mas sem alma, sem magia, sem o brilho que fez a camisa canarinha ser referência no planeta. É um futebol de astros, porém um elenco sem luz quando a bola rola.

E onde entra Carlo Ancelotti nessa equação? O renomado técnico italiano chegou com o peso de quem comandou gigantes europeus, com a expectativa de moldar um Brasil no estilo Real Madrid — frio, imponente, vencedor. Mas, até agora, não entregou. A Seleção não tem identidade tática, não tem intensidade, não tem um ritmo que imponha respeito. Os melhores do mundo estão à disposição, mas, em campo, parecem peças soltas, repetindo o mesmo enredo dos seus antecessores: muito talento individual, pouca organização coletiva.

O torcedor sonha com o hexa, claro. E sonho não custa. Mas, sendo franco — e aqui entra a análise menos apaixonada e mais realista — hoje essa taça parece mais distante do que nunca. A esperança existe, como sempre existirá num país que respira futebol. Mas, olhando friamente, é mais devaneio do que possibilidade concreta.

Resta a pergunta incômoda: quando chegar a hora de encarar as potências, ou até as seleções medianas que sabem competir, o Brasil terá força para se impor? Ou viveremos, outra vez, a repetição do roteiro triste que vem se arrastando há mais de duas décadas?

Fica a torcida. Mas, por ora, o hexa está mais no campo dos desejos do que no gramado da realidade.

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