quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

O que está acontecendo com o futebol pernambucano — e, por tabela, com o nordestino?

O campeonato brasileiro chegou ao fim deixando uma pergunta ecoando nos corredores dos estádios, nas mesas de bar e até nas conversas de quem nunca perde um domingo de bola: como foi que chegamos até aqui? O Nordeste, historicamente vibrante, pulsante e apaixonado pelo futebol, encerra a temporada com um gosto amargo difícil de disfarçar. E Pernambuco, que um dia sustentou protagonismos e bravuras, amarga hoje uma ressaca que ainda nem sabe calcular.

O Sport, orgulho rubro-negro, conseguiu aquilo que nem o torcedor mais pessimista ousaria imaginar: protagonizou a pior campanha da sua história, uma queda que não foi apenas uma derrota esportiva, mas um símbolo da desorganização que vem corroendo silenciosamente o futebol pernambucano. Foi um rebaixamento que expôs fragilidades antigas, erros acumulados e, sobretudo, a falta de um projeto sólido para sustentar a camisa pesada que carrega.

Mas o problema não se restringiu à Ilha do Retiro. O desastre ganhou contornos regionais quando Ceará e Fortaleza, forças recentes do Nordeste, acompanharam o Sport rumo à Série B. Dois clubes que até outro dia desfilavam em competições internacionais, que projetavam estrutura, gestão e ousadia, agora se veem de volta ao limbo do caminho árduo. Uma queda tripla que desnorteou até quem acompanha o futebol com distanciamento analítico.

Para completar o cenário sombrio, nenhuma equipe nordestina conquistou o acesso. Enquanto isso, três clubes sulistas e um nortista vão ocupar vaga na elite em 2026, desenhando um retrato que grita desigualdade competitiva — mas também escancara os erros domésticos que já não podem mais ser varridos para debaixo do tapete.

É hora de perguntar — sem floreios, sem meias-palavras — onde foi que o Nordeste se perdeu? Em que momento deixamos de planejar para apenas reagir? Quando o improviso virou regra, e o amadorismo se travestiu de normalidade?

O futebol da nossa região precisa, urgentemente, juntar os cacos. E, mais do que isso: precisa aprender com eles. Olhar para trás não como quem lambe feridas, mas como quem revisita acertos, avalia fracassos e se permite reorganizar. O passado recente mostra que é possível sim fazer diferente — o Fortaleza provou isso, o Ceará provou, o próprio Sport já mostrou. Mas falta constância, falta coragem e, principalmente, falta visão.

O torcedor nordestino, esse que transforma arquibancada em espetáculo e paixão em identidade, merece mais. Merece voltar a sentir orgulho. Merece ver seus clubes disputando, crescendo e se impondo.

O nordestino já se reinventou tantas vezes na vida que não será o futebol a exceção. Que 2026 seja o ano da reconstrução. Que a queda sirva de aviso — e não de sentença. Porque o Nordeste sabe ser grande. Só precisa, outra vez, lembrar como.

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