quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Governo ou palanque? Prefeito precisa administrar para todos e não apenas para o seu grupo.

Passada a euforia da eleição, a ficha precisa cair: administrar não é fazer campanha. Em Bom Conselho, o prefeito Dr. Edézio Ferreira parece ainda preso ao clima de palanque, sem perceber que agora governa para todos – os que votaram e os que não votaram nele. É natural valorizar o grupo que esteve ao seu lado, mas transformar a gestão em um tribunal inquisitório contra adversários políticos é um erro primário.

É verdade que o governo tem mostrado serviço em algumas áreas. Algumas ações iniciais são positivas e demonstram esforço para organizar a casa, o que é louvável. Mas esse episódio envolvendo os diretores da rede municipal de ensino, nomeados por um processo seletivo legalizado e validado, promovido pela gestão anterior, tem causado um desgaste desnecessário ao governo. Em apenas 30 dias, a administração já enfrenta um ruído que poderia ser evitado. O prefeito está criando uma crise onde não precisava haver nenhuma. A tentativa de remover esses diretores soa como perseguição política e passa a impressão de que o gestor ainda não assumiu plenamente seu papel de governante de todos.

Se a lei determina que os diretores devem permanecer no cargo, que permaneçam. Qual a lógica de comprar uma briga com um pequeno grupo de professores para satisfazer a sede de revanche de um grande número de aliados? Política exige maturidade e visão estratégica. Em vez de ficar refém de um seleto grupo que exige caça às bruxas, o prefeito precisa focar no que realmente importa: administrar com eficiência e olhar para a frente.

Se a lógica da perseguição fosse aplicada a qualquer servidor efetivo que não votou no prefeito, teríamos uma caça às bruxas sem fim. Isso não fortalece um governo – pelo contrário, fragiliza. Em política, ninguém governa sozinho e, para construir uma gestão sólida, é preciso unir, não dividir. O prefeito precisa entender que seu compromisso agora é com a cidade inteira, não apenas com os seus aliados.

A sensação que fica nos bastidores é de que o prefeito ainda está deslumbrado com a vitória e tenta retribuir ao seu grupo, mas está pagando um preço alto por isso. Sua imagem começa a ser arranhada por pequenas atitudes que, no longo prazo, podem custar caro. É cedo demais para desgastes desnecessários. O momento é de construir pontes, e não de erguer muros.

O governo tem pontos positivos e pode se consolidar como uma gestão eficiente. Mas para isso, precisa evitar desgastes tolos que podem manchar sua reputação antes mesmo do primeiro ano de mandato. Já dizia um experiente político aqui da cidade de Papacaça: a política é a arte de engolir sapo. Quem não aprende isso cedo, pode acabar engolido pelo próprio orgulho.

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