Por mais que o tempo passe e as redes sociais avancem, ainda tem gente que não aprendeu a respeitar o Brasil em sua diversidade, sobretudo a gastronomia nordestina, que é uma das mais ricas do país. Na semana passada, um episódio lamentável expôs esse tipo de preconceito travestido de "opinião pessoal". A bailarina Bianca Alencar, da dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano, resolveu abrir o celular para fazer o que muitos artistas têm feito: falar o que bem entendem e, depois, quando o caldo entorna, vir com desculpas esfarrapadas.
Durante passagem pela cidade de Floresta, no sertão pernambucano, onde a dupla fez show em comemoração aos 118 anos do município, Bianca decidiu criticar publicamente um prato servido por um restaurante local. Não disse o nome do prato, nem do restaurante, mas foi enfática ao comparar a comida com "lavagem". Isso mesmo. Lavagem — o que, por aqui, até tem outro significado, mas no contexto em que ela usou, beirou o desrespeito.
A repercussão foi imediata. Internautas de Pernambuco e de outras partes do Brasil reagiram com indignação. Afinal, não é apenas um prato que está em questão, mas a cultura de um povo. Diante da “pancada” virtual, como é comum nesses tempos, a bailarina recuou. Ela postou outro vídeo dizendo que não quis menosprezar e que é descendente de nordestinos. Um discurso ensaiado que virou clichê: ataca e justifica.
Ora, se é descendente do Nordeste, deveria saber que cada canto deste chão tem seu tempero, seu jeito e seu orgulho. Criticar sem entender é desrespeitar. E desrespeito não cabe mais nos dias de hoje — principalmente vindo de alguém que viaja o Brasil a trabalho.
Pois bem. Zezé de Camargo estará no próximo dia 27 em Bom Conselho, para o Forróbom. Resta saber se a bailarina virá junto. E, se vier, que os restaurantes da cidade estejam preparados, não para evitar críticas, mas para não virarem motivo de chacota de gente sem filtro e, ao que tudo indica, sem humildade.
O Brasil não é feito só de filé mignon e salada “fit”. O Brasil é também buchada, sarapatel, mungunzá, feijão verde, cuscuz, chambaril e rabada. Quem não entende isso, que ao menos respeite.
Péssimo exemplo, péssima postura. Que sirva de lição — para ela e para tantos que acham que rede social é palco para arrogância e ignorância. Porque no Nordeste, prato que se respeita tem história, tem cheiro, tem sabor. E, principalmente, tem alma.
Confira, abaixo, o vídeo feito pela bailarina Bianca Alencar:

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