Faltando pouco mais de um ano para as eleições estaduais de 2026, Pernambuco já vive, nos bastidores, o clima quente de uma campanha que promete ser uma das mais polarizadas da sua história recente. Os termômetros políticos estão nas alturas e, apesar do calendário eleitoral ainda dar uma folga, os movimentos nos bastidores não param. A engrenagem do poder está em pleno funcionamento.
A governadora Raquel Lyra, que chegou ao comando do Palácio do Campo das Princesas após uma surpreendente virada em 2022, vem se articulando com habilidade. Sabedora de que precisa reforçar sua base de apoio, Raquel tem usado a caneta do governo com pragmatismo político. Nomeações em cargos estratégicos e aproximação com prefeitos — especialmente do interior — têm sido a tônica da sua gestão. Assim, a gestão estadual vai se consolidando como porto seguro para muitas lideranças municipais que enxergam na governadora um caminho viável de continuidade e fortalecimento político.
Além disso, a governadora tem intensificado sua presença no interior, com agendas frequentes e ações pontuais que, embora pontilhadas de críticas quanto à efetividade, cumprem o papel de consolidar sua imagem junto à população e, principalmente, às lideranças locais. Raquel sabe que o interior é decisivo em qualquer disputa em Pernambuco.
No outro polo, João Campos, herdeiro do legado de Eduardo Campos e prefeito do Recife, parece jogar xadrez com peças bem posicionadas. O jovem socialista acaba de assumir a presidência nacional do PSB — uma façanha e tanto para quem ainda é considerado por muitos como uma "promessa". Na prática, João se movimenta como candidato natural ao governo estadual, e os movimentos de bastidores deixam pouca dúvida quanto a isso.
A disputa, por ora, se desenha polarizada entre Raquel e João. Mas será que vai mesmo ficar apenas entre os dois?
O PT, como de costume, permanece naquele banho-maria. Não se define, não aponta caminho, nem diz se terá candidatura própria ou se vai encampar uma aliança com o PSB — como tradicionalmente acontece — ou buscar uma composição com Raquel, num movimento improvável, mas não impossível na cartilha petista da conveniência. O tempo dirá.
O PL, por sua vez, parece ainda sem rumo. Anderson Ferreira, que foi o candidato em 2022, não dá sinais de que voltará à disputa. A legenda bolsonarista vive um vácuo de liderança em Pernambuco. Quem será o nome que vestirá a camisa da direita no próximo pleito? Essa é a grande interrogação no campo conservador.
Outros nomes que despontaram no pleito passado também parecem ter sido engolidos pelo tempo. Marília Arraes, segunda colocada em 2022, virou quase uma lenda urbana: ninguém vê, ninguém ouve. Já Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e quarto colocado na última eleição, até o momento não ensaia uma movimentação, e se vier a fazer talvez não tenha mais a mesma força de outrora.
No cenário atual, as pesquisas mostram João Campos na dianteira, seguido de perto por Raquel Lyra. Mas, como bem sabemos, pesquisa é fotografia do momento, não é filme. E a política, essa arte de movimentações inesperadas e acordos improváveis, muda de cenário como o clima muda repentinamente.
Fato é que o jogo já começou, mesmo sem o apito inicial. As peças estão se mexendo no tabuleiro e, a depender dos próximos movimentos, uma terceira via ainda pode surgir com força, surpreendendo e mexendo no equilíbrio dessa disputa.
As eleições de 2026 estão logo ali, batendo à porta. E como diria aquele velho político do Agreste: "a carruagem ainda nem virou a esquina, mas os cavalos já estão em disparada". É esperar para ver.

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