terça-feira, 17 de junho de 2025

Bom Conselho é alvo de operação da Polícia Federal que investiga desvio de R$ 662 milhões em contratos com ONG e empresas privadas.

A Polícia Federal bateu à porta de Bom Conselho nesta terça-feira (17), em uma operação que desnuda os bastidores obscuros de contratos milionários entre prefeituras pernambucanas, uma ONG e empresas privadas que passaram a serem investigadas por fraudes em licitação, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. No total, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em quatro municípios: além de Bom Conselho, as diligências ocorreram em Garanhuns, Caruaru e Terezinha.

O esquema, que funcionava sob o manto da “prestação de serviços” nas áreas de saúde e educação, movimentou mais de R$ 662 milhões entre 2019 e 2024. A parte mais estarrecedora da denúncia: pelo menos R$ 431 milhões desses recursos saíram dos cofres da União, ou seja, dinheiro público federal que deveria estar servindo à população, mas pode ter alimentado interesses escusos.

Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), que atua em conjunto com a Polícia Federal nas investigações iniciadas em 2021, a ONG – sob o pretexto de fornecer mão de obra para unidades de saúde – teria firmado contratos com diversas prefeituras sem a devida lisura. A farra com o dinheiro público teria começado em um determinado município e, como um vírus bem articulado, se espalhado para outras cidades, entre elas Bom Conselho.

A Justiça determinou não só a proibição de que as dez pessoas físicas investigadas mantenham contato entre si, como também que deixem as cidades onde vivem. Ao todo, seis empresas também estão na mira da operação.

Enquanto a população enfrenta filas em hospitais, escolas sucateadas e falta de medicamentos básicos, contratos suspeitos engordam os cofres de quem deveria, no mínimo, prestar contas. A pergunta que ecoa nas ruas de Bom Conselho e das demais cidades envolvidas é: até quando o serviço público será usado como balcão de negócios?

Os detalhes completos ainda estão sob sigilo, mas a operação desta terça-feira é um duro lembrete de que a impunidade não pode continuar sendo a regra. Se confirmadas as irregularidades, será mais um triste capítulo da promíscua relação entre poder público e entidades de fachada no Brasil.

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