Por Nirlando Beirão, Carta Capital / QI
Fausto Silva anda muito nervoso
ultimamente. Perdeu muito do humor que o consagrou e de sua verve inteligente e
debochada. Aderiu aos rabugentos do #nãovaiterCopa e, já que tem Copa, sim,
tenta manter a bandeira do encrenqueiro, distribuindo, sem nenhum fair play,
insultos ao evento esportivo. A delicada defesa de Honduras deve estar morrendo
de inveja do novo estilo Faustão.
O que estará acontecendo com ele? Não
confere a suspeita de que pesa no ex-gordo o ressentimento com os quilinhos a
mais que ele, de uns tempos para cá, recuperou.
Não consta, tampouco, que Faustão esteja em
momento de renovação de contrato,
o que explicaria o seu alinhamento precavido com a agenda político-eleitoral do
patrão bilionário. Na verdade, o cidadão Fausto Silva já declarou o voto na
oposição. Faz sentido. A turma que faz plantão na sua lendária pizza semanal é
a mesma do camarote vip que vaia e ofende.
Se o ex-cronista de campo
perdeu de vez a esportiva é porque a vida profissional não lhe faculta mais
goleadas no ibope. Fausto Silva devia é, apesar das pressões, relaxar.
A culpa não é dele nem de
sua equipe. O culpado é o domingo, cada vez menos Domingão do Faustão. O
domingo brasileiro vai pouco a pouco se libertando do cativeiro da tevê aberta.
Há mais opções na própria tevê. Aquele exército de popozudas que vem esfregar o
traseiro no rosto do espectador entorpecido tem seus dias contados.
Tem razão o Faustão em se
irritar com a dobradinha Lula-Dilma. Os pobres ficaram economicamente menos
pobres – e culturalmente menos indigentes.
Azar de quem, como os
autocratas dos auditórios, apostou no contrário.
Publicado
originalmente na edição impressa de Carta Capital com o título
"Perdeu a esportiva".
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