Em Bom Conselho, a política tem dessas ironias que nos fazem questionar o peso das derrotas eleitorais no ritmo administrativo. A reforma da praça central, aguardada ansiosamente pela população, foi concluída. Mas, ao invés de ser entregue com pompa e circunstância, como era de praxe nas gestões do atual prefeito e do seu antecessor, o anúncio da "obra pronta" foi feito, pasmem, pelas redes sociais. Nada de banda de música, discursos inflamados ou aquele corte simbólico da fita que enche de orgulho o gestor e seus eleitores. Apenas um frio "está pronta, podem usar".
Pecou, e muito, o prefeito João Lucas em deixar passar a oportunidade de marcar seu nome na história da cidade com uma obra tão emblemática. Afinal, por que não uma cerimônia, mesmo modesta, para celebrar a entrega de um espaço tão significativo? Seria o peso da derrota que calou o entusiasmo? Ou a certeza de que a praça reformada não terá a placa de inauguração com seu nome estampado?
O curioso é que, nos últimos 12 anos – somando as três gestões do grupo político que atualmente administra a cidade, não se economizava esforços para transformar qualquer entrega de obra, por menor que fosse, em um espetáculo digno de capa de jornal. Reformou um banheiro público? Era motivo para banda. Pintou meio-fio? Lá estava o foguetório. Mas, ao entregar a praça central – uma obra de impacto e que altera significativamente o coração da cidade –, o prefeito preferiu o silêncio.
É compreensível que a derrota doa, mas a responsabilidade do gestor não termina com o resultado das urnas. Até o último dia de mandato, o compromisso é com o povo. Uma inauguração decente, mesmo que discreta, seria uma forma de agradecer à população pela confiança depositada e de honrar aqueles que caminharam ao seu lado.
Ao que parece, o prefeito perdeu a chance de sair pela porta da frente, com dignidade e aplausos, mostrando que, acima de interesses eleitorais, está o bem da cidade. Uma pena. A praça ficou bonita, mas a ausência de um gesto simbólico para marcar sua entrega mancha o encerramento de uma gestão que sempre soube transformar obras em vitrine política. Desta vez, porém, preferiu apagar os holofotes.
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