Era para ser um sábado comum no distrito Lagoa de São José, em Bom Conselho. O burburinho típico de uma comunidade pacata, simples e unida. Mas, neste último final de semana, o vento trouxe um silêncio pesado, um silêncio que ecoava a tragédia: o assassinato brutal de uma adolescente de apenas 13 anos.
Dáfine Leriano da Silva, uma menina que assim como muitas outras tinha sonhos e uma vida inteira pela frente, foi arrancada do mundo de forma cruel. Uma criança, no início da adolescência, que carregava o brilho da juventude nos olhos, agora se tornou mais um nome em uma estatística triste e revoltante: a do feminicídio.
O suspeito? Um ex-companheiro, alguém que deveria ter resguardado o respeito pela decisão dela de não continuar o relacionamento. Mas, como tantas histórias que temos ouvido, o fim não foi aceito. Ele teria sido visto nas proximidades, no local onde o corpo da jovem foi encontrado. Para a comunidade, a dor não se limita à perda; ela vem misturada com a indignação e a pergunta que ninguém consegue responder: como algo assim pôde acontecer aqui?
É difícil digerir. Mais difícil ainda é explicar para as outras crianças da comunidade que, às vezes, o mundo pode ser tão injusto. Um fato que mexe com todos, porque ultrapassa as barreiras da lógica e expõe a fragilidade da vida diante da violência.
Dáfine se foi, mas o grito por justiça precisa ecoar. É um chamado para que as autoridades não deixem o caso na sombra, para que o culpado seja responsabilizado, e para que outros nomes não se juntem a essa estatística cruel. Mais do que isso, é um pedido de reflexão para todos nós, sociedade: como temos permitido que meninas, mulheres, percam a vida por não se submeterem a um sentimento distorcido de posse?
Lagoa de São José tenta retomar sua rotina, mas o peso dessa perda continuará pairando. Que Dáfine não seja apenas mais uma vítima esquecida. Que sua história, tão breve e interrompida de forma tão injusta, seja um alerta, um chamado à ação, uma promessa de que faremos o possível para proteger nossas meninas.
E que nunca mais o vento traga um silêncio tão devastador.
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