Em sessão extraordinária realizada na manhã desta quarta-feira, 23 de julho, a Câmara de Vereadores de Bom Conselho escreveu mais um capítulo importante da história democrática do município. Por maioria absoluta (12 a 1), o Legislativo derrubou o veto do prefeito Dr. Edézio Ferreira ao artigo, do projeto de lei que assegura benefícios à Guarda Municipal, que trata do pagamento do retroativo do piso salarial da categoria. A decisão não apenas repercute entre os servidores da corporação, que agora comemoram um avanço legítimo, como também revela, com clareza, o que é o exercício responsável do poder.
À primeira vista, os mais apressados rotularam o episódio como uma “derrota” do gestor. Não é. Seria, isso sim, uma derrota da democracia se houvesse interferência, coação ou qualquer tentativa de manipular o livre exercício do voto parlamentar. Mas não foi o que se viu. O que se viu foi um prefeito que, mesmo tendo maioria na Casa — sete dos treze vereadores —, optou pelo caminho mais honroso: o da liberdade de consciência.
O prefeito expôs sua posição, apresentou os argumentos que julgou pertinentes, e parou por aí. Deixou que cada vereador decidisse conforme sua leitura de justiça e conveniência pública. Resultado: seis parlamentares da base governista votaram contra o veto, sinalizando que a autonomia não apenas existe, mas é respeitada dentro do grupo político que hoje comanda o município.
Isso é democracia. Isso é maturidade política. Não se governa com a imposição do medo nem com o cabresto das conveniências. Governar, na sua essência mais nobre, é dialogar, ponderar e respeitar divergências — mesmo que elas resultem em reveses pontuais. Dr. Edézio, com sua postura firme e democrática, deu mais um sinal de que entende o cargo que ocupa: é o chefe do Executivo, não o dono da cidade.
A Guarda Municipal, por sua vez, sai fortalecida. Não apenas pelo projeto aprovado, que corrige distorções e reconhece direitos, mas também por ter sido, ela mesma, protagonista de uma conquista alcançada dentro das regras do jogo, sem estardalhaço, sem confronto. A corporação é, sim, motivo de orgulho para Bom Conselho. Cresceu, se estruturou e passou a cumprir um papel relevante na segurança pública e na organização urbana. Nada mais justo que tenha suas demandas atendidas com justiça e humanidade.
E agora? Agora é vida que segue. A Câmara cumpriu seu papel. O prefeito cumpriu o seu. E a cidade caminha. Quem ganha é a democracia. E quem ganha, acima de tudo, é o povo de Bom Conselho, que testemunha um episódio que engrandece a política local, com seus agentes dando demonstrações de civilidade, respeito institucional e compromisso com o bem comum.
Fim da novela da Guarda Municipal. Projeto aprovado. Retroativo mantido. Mas o aprendizado político, esse, continua. E é para todos.

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