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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Taxa de juros cai para 4,25%. Mas esqueça, isso é só para bancos.

Por Alexandre Piúta - A cada 45 dias no rádio, televisão, internet e jornais ouvimos um debate esquisito, a tal taxa Selic. Esta semana foi anunciada a menor taxa desde 1999. A taxa Selic é usada para controlar a inflação aumentando os juros e em períodos de crises como agora, para fazer a economia voltar a crescer, reduzindo a taxa de referência. A taxa Selic é referência os juros dos títulos do governo, ou seja, da dívida pública e ainda para os juros da poupança. Mas será que você sabe quem pode ter juros a taxa de 4,25% a.a.? Entre os mortais comuns vai ser difícil encontrar alguém tomando dinheiro emprestado a esse preço. Juros a esse preço é só para bancos, pois a taxa Selic é uma referência para as operações entre os bancos. Muitos não sabem, mas os bancos também tomam dinheiro emprestado.

Sempre que finda o dia, como numa loja comercial, o banco fecha o caixa e se faltar “din-din”, ele tem de se virar nos trinta e arrumar e cobrir o que falta. Normalmente fazem no próprio sistema, ou seja, um banco empresta para outro banco e nesse caso a taxa de referência é a Selic, um jurozinho camarada de 4,25% a.a. Diferentemente dos 4,25% ao ano da Selic, no cheque especial de cada brasileiro são cobrados 152% ao ano de juros. No cartão de crédito parcelado são 176% ao ano e se você se arvorar no rotativo se prepare para pagar mais de 300% ao ano. Até no crédito consignado a taxa continua muito alta mais de 25% ao ano para uma modalidade de quase zero de risco de inadimplência.

Para cada um de nós, mortais comuns e dependentes do salário mensal, a taxa de juros continua nas nuvens, pois os bancos continuam praticando taxas fora da realidade, sob a alegação de riscos de inadimplência, conversa repetida há décadas. Entra ano sai ano e os bancos nada fazem para reduzir as taxas de juros que geram ganhos astronômicos revelados a cada balanço. As seguidas decisões do Banco Central reduzindo a taxa de juros traz também uma preocupação adicional sobre a possibilidade da retomada da economia, pois, não tem acontecido o que se esperava com os seguidos cortes que era a retomada do crescimento econômico, estagnado desde 2015.

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