Por Alexandre Piúta - A cada 45 dias no rádio,
televisão, internet e jornais ouvimos um debate esquisito, a tal taxa Selic.
Esta semana foi anunciada a menor taxa desde 1999. A taxa Selic é usada para
controlar a inflação aumentando os juros e em períodos de crises como agora,
para fazer a economia voltar a crescer, reduzindo a taxa de referência. A taxa
Selic é referência os juros dos títulos do governo, ou seja, da dívida pública
e ainda para os juros da poupança. Mas será que você sabe quem pode ter juros a
taxa de 4,25% a.a.? Entre os mortais comuns vai ser difícil encontrar alguém
tomando dinheiro emprestado a esse preço. Juros a esse preço é só para bancos,
pois a taxa Selic é uma referência para as operações entre os bancos. Muitos
não sabem, mas os bancos também tomam dinheiro emprestado.
Sempre que finda o dia, como numa loja
comercial, o banco fecha o caixa e se faltar “din-din”, ele tem de se virar nos
trinta e arrumar e cobrir o que falta. Normalmente fazem no próprio sistema, ou
seja, um banco empresta para outro banco e nesse caso a taxa de referência é a
Selic, um jurozinho camarada de 4,25% a.a. Diferentemente dos 4,25% ao ano da
Selic, no cheque especial de cada brasileiro são cobrados 152% ao ano de juros.
No cartão de crédito parcelado são 176% ao ano e se você se arvorar no rotativo
se prepare para pagar mais de 300% ao ano. Até no crédito consignado a taxa
continua muito alta mais de 25% ao ano para uma modalidade de quase zero de
risco de inadimplência.
Para cada um de nós, mortais comuns e
dependentes do salário mensal, a taxa de juros continua nas nuvens, pois os
bancos continuam praticando taxas fora da realidade, sob a alegação de riscos
de inadimplência, conversa repetida há décadas. Entra ano sai ano e os bancos
nada fazem para reduzir as taxas de juros que geram ganhos astronômicos
revelados a cada balanço. As seguidas decisões do Banco Central reduzindo a
taxa de juros traz também uma preocupação adicional sobre a possibilidade da
retomada da economia, pois, não tem acontecido o que se esperava com os
seguidos cortes que era a retomada do crescimento econômico, estagnado desde
2015.
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