sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Benefícios tributários para empresários dobram em oito anos, por Alexandre Piúta.

No mundo das finanças é muito comum a expressão: “não podemos deixar dinheiro na mesa”, expressão similar a outra muito popular que diz: “não existe almoço grátis”. Olhando com cuidado se observa que o dinheiro da mesa tem ido mais para apenas um segmento da sociedade.

Dados disponibilizados esta semana mostram o volume de renúncias fiscais do Governo Federal. Os números revelam como se discute as contas públicas e para onde vão os recursos do governo. Em 2007 no governo Lula, a renúncia fiscal do governo foi de R$ 102 bilhões; em, 2011 no governo Dilma a renúncia foi de R$ 152 bilhões. No governo Temer em 2016, a renúncia subiu para R$ 278 bilhões. No ano passado, primeiro do governo Bolsonaro, pulou para R$ 307 bilhões e a previsão para 2020 é de R$ 330 bilhões de reais.

Desde 2016 as leis aprovadas no Congresso têm sido sempre para retirar ou diminuir direitos de trabalhadores e servidores públicos. No período de Michel Temer foi aprovada a lei de tetos de gastos que impede investimentos em áreas como saúde e educação. Isto, mais a reforma trabalhista que instituiu a contratação de trabalhos precários e reduziu as obrigações patronais. Diziam que era para criar empregos.

No novo governo foi a vez da previdência. O Brasil aprovou a reforma mais dura em todo o planeta, no que diz respeito à previdência. Tivemos redução de benefícios, aumento da idade mínima para ter direito ao benefício e perspectiva de benefício mínimo para a maioria dos brasileiros no futuro. Os trabalhadores pagarão sozinho a conta. O discurso foi o mesmo: geração de empregos, empregos que não vieram.

No outro lado da equação, a renúncia fiscal prevista para 2020 equivale a 10 vezes o valor do bolsa família, recursos que beneficia a mais de 30 milhões de pessoas, enquanto para o segmento empresarial com 10 milhões de empresários, os benefícios são dez vezes mais do que o valor do Bolsa Família. As renúncias fiscais revelam a opção do governo por um segmento da sociedade, para eles houve as renúncias aumentaram 20% no ano passado e mais que dobrou em três anos, enquanto o Bolsa Família foi congelado.

Soma-se ainda a intenção do governo de aumentar os benefícios para empresários por meio das medidas chamadas de ajuste do Estado, onde está prevista a redução de tributos, enquanto para os mais de 110 milhões trabalhadores sobra o congelamento da tabela de Imposto de renda, que é uma forma de aumentar a tributação das pessoas que menos ganham. (Por Alexandre Piúta)

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